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Olá Pessoal:
Ontem foi um dia muito especial tivemos a visita de duas pessoas muito importantes, que exercem uma liderança e militância pela causa imigrante: A representante do Centro de Direitos Humanos de Joinville, Lisandra Couto e o Presidente da Associação dos Haitianos de Joinville Whistler Ermonfils.
Lisandra se apresentou afirmando que era jornalista por formação e quando cursava a graduação acreditava que poderia mudar o mundo com as suas reportagens, mas a realidade é bem mais complexa. É especialista em Direitos Humanos.
Conversou com os estudantes sobre direitos humanos e como eles vem sendo sistematicamente violados. Fez um histórico sobre a origem dos diretos humanos afirmando que após a segunda guerra mundial os países sentiram a necessidade de estabelecer acordos de paz. Dessa forma foi criada a ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Afirmou que o Brasil é signatário de vários acordos e era tido como um país acolhedor, mas que infelizmente essa já não é mais a mesma realidade. Que as manifestações de xenofobia e racismo agora estão ocorrendo de forma muito frequente.
O Sr. Whistler falou das dificuldades e conquistas dos imigrantes na cidade de Joinville. Fez comentários pertinentes em relação a importância da educação. Citou Mandela como um líder negro replicando a sua afirmativa de que a "educação é a arma mais poderosa de um povo".
Disse que o Brasil é um país que não está preparado para receber imigrantes, que em outros países como no Canadá existe uma rede de apoio por parte do poder público.. E que alguns haitianos tem se dirigido para lá.
Um dos estudantes do 2º ano 2 perguntou sobre a maior dificuldade que eles enfrentavam aqui no Brasil. Ele afirmou que era o idioma, o português para eles era muito difícil. Nas escolas do Haiti eles aprendem inglês, espanhol, francês, criollo. Ele afirmou que não entendia por que no Brasil as crianças e jovens não tinham aula de espanhol, uma vez que os países que fazem fronteira falam esse idioma.
Outro estudante do 2º ano 4 perguntou sobre a culinária no Haiti. O Sr. Whistler explicou que era semelhante a brasileira, arroz, feijão, legumes, carne, porém bem mais apimentado, semelhante ao tempero da Bahia. Ainda no 2º ano 4 perguntaram sobre o carnaval, se de fato eles tinham carnaval e como era. (Nas aulas sobre a história do Haiti os jovens foram informados de que lá havia carnaval). O Sr. Whistler respondeu que tinha carnaval, não era tão luxuoso como no Rio de Janeiro e na Bahia, mas era muito alegre.
No 2 º ano 3 um jovem negro perguntou sobre a questão do racismo. Disse que já passou por situações do racismo e como os haitianos lidavam com isso. O Sr. Whistler diplomaticamente respondeu que racismo tem em todo lugar, mas que é um pequeno número de pessoas e que, portanto, não devem ser levadas em consideração.
Enfatizou que todos somos iguais e didaticamente explicou aos estudantes: "Quando uma pessoa negra ou branca sangra, não importa, a cor do sangue é vermelho".
Explicou sobre os motivos da imigração dos haitianos. Afirmou que Porto Príncipe a capital haitiana foi muito atingida com o terremoto de 2010 e por ser o coração econômico, todo o restante do país foi prejudicado. Citou como exemplo São Paulo, caso houvesse um colapso econômico em São Paulo, isso seria replicado para todo o território nacional.
Disse que tinha formação superior, que era professor no Haiti, mas aqui no Brasil seu diploma não era aceito, e portanto, só conseguiu emprego na Fundição Tupy, assim como muitos outros haitianos. Ele disse que haviam cerca de trezentos haitianos trabalhando na empresa de Fundição Tupy, nas funções menos valorizadas e menos remuneradas, alguns como ele tinham formação superior.
O Sr. Whistler perguntou aos estudantes se sabiam onde ficava o Haiti. Os alunos orgulhosamente responderam que ficava na América Central. Ele fez ar de surpreso e parabenizou os estudantes, disse que a maioria das pessoas com quem ele conversava afirmavam que o Haiti ficava na África. Nesse momento intervi dizendo que nas aulas anteriores havíamos estudado sobre a história do Haiti. Ele demonstrou satisfação.
Em nenhum momento se colocou na posição de vítima, disse que para ele todo o dia é um aprendizado, que os filhos estão estudando, e uma delas cursa Comércio Exterior na Univille. Enfatizou várias vezes a importância dos estudos.
Relatei a ele que havíamos tentado fazer entrevistas com os haitianos, porém todos se esquivaram. Perguntei por que?. Ele respondeu que são tímidos, mas principalmente que são estrangeiros, tem medo de se expor e serem prejudicados, não dominam bem o idioma e podem ser mal interpretados. Ele acredita que seja isso.
Agradecemos a presença de ambos e a imensurável contribuição para que possamos exercitar cada vez mais o nosso altruísmo, a nossa empatia. tão em falta no mundo contemporâneo.
Foi uma troca de experiências, de vivências, de cultura. Quantas possibilidades a pluralidade nos oferece.
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