Pular para o conteúdo principal

BRASIL NA VANGUARDA DAS AÇÕES HUMANITÁRIAS



Irmãs apátridas recebem nacionalidade brasileira
Anúncio aconteceu durante sessão de comitê da ONU para refugiados
IS Ingrid Soares - Especial para o Correio
postado em 04/10/2018 20:24



Pela primeira vez, o país concedeu a nacionalidade brasileira para as irmãs apátridas Maha Mamo, 30 anos e Souad Mamo, 31 anos. O anúncio aconteceu hoje (4/10) em Genebra, na Suíça, durante a 69ª sessão do Comitê Executivo da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
A ativista, Maha Mamo foi uma das palestrantes do evento paralelo “Building momentum: mid-point of the #IBelong Campaign”, que discutiu os avanços e o impacto da campanha #IBelong, promovida pelo ACNUR para erradicar a apatridia no mundo até 2024. A naturalização foi entregue pelo Coordenador-geral do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), Bernardo Laferté, e pela Embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra.
Portando uma bandeira do Brasil enrolada no pescoço, Maha não conteve a emoção. Ao Correio, ela contou o sentimento de ser uma cidadã brasileira. “Estamos muito felizes. Já choramos e não estamos acreditando. É como se estivéssemos em um sonho, ainda estamos meio que: Será que é realidade? É muita felicidade”.
Ela ainda apontou qual será a primeira medida após o anúncio de nacionalidade. “Vamos tirar os documentos pra gente se sentir igual a qualquer outra pessoa. Vamos tirar o passaporte também. Após a realização dos documentos, o próximo passo é viajar pelo mundo. Coisa que antes não podíamos”, pondera.
Os pais das irmãs nasceram na Síria. No entanto, o pai era cristão e a mãe muçulmana. Por questões culturais e religiosos, a Síria não aceita o casamento inter religioso e não reconhece os filhos nascidos dessa união. Eles se mudaram então para o Líbano, onde tiveram as meninas e um outro irmão, que faleceu. Mas para as crianças serem reconhecidas como libanesas, o pai deveria ser libanês.
Em 2014, após tentativas em várias embaixadas, as irmãs vieram para o país como refugiadas e moram em Belo Horizonte desde então. No dia 25 de junho, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, assinou o reconhecimento de condição de apátridas das irmãs que nasceram no Líbano, mas não tiveram direito à nacionalidade.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo não possuem nacionalidade. Por não possuírem uma certidão de nascimento e, consequentemente, documentos de identidade, são impedidas por exemplo, de frequentar a escola e trabalhar. O reconhecimento da apatridia passou a existir no Brasil a partir da nova Lei de Migração, em vigor desde novembro de 2017.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA REVOLUÇÃO FRANCESA

       A mulher francesa teve um papel muito importante na Revolução, com participação extremamente ativa, tanto na queda da Bastilha quanto na invasão ao Palácio de Versalhes. Infelizmente o protagonismo feminino quase foi apagado da historiografia sobre o assunto, vindo apenas recentemente receber a devida atenção.               A participação da mulher foi vetada na política durante o período revolucionário, mas isso não as impediu de participar nas tribunas abertas ao público. Pauline Léon apresentaria em 1792 uma petição assinada por trezentas mulheres para que elas integrassem a Guarda Nacional, tal pedido foi vetado, assim como seu direito ao voto.             Um dos acontecimentos mais emblemáticos da participação feminina na Revolução, foi quando um grupo de mulheres, em 5 de outubro de 1789 se reuniu em frente da prefeitura de Paris, protestando   pela falta de pão, que ...

CAMPANHA VIRTUAL CONTRA XENOFOBIA

Os estudantes baixaram um aplicativo em seus celulares, produziram uma campanha contra a xenofobia, com frases de efeito, imagens e postaram nas redes sociais.

A Participação Feminina na Revolução Francesa

Participação das Mulheres na Revolução Francesa A atuação das mulheres na Revolução Francesa foi marcada por uma marcha que forçou o rei a deixar Versalhes Na história tradicional da Revolução Francesa, os grandes personagens são homens: Maximilien de Robespierre (1758-1794), Georges Jacques Danton (1759-1794), Jean-Paul Marat (1743-1793). Uma mulher brilha nos relatos, porém do lado da realeza: a rainha Maria Antonieta (1755-1793). Mas a participação feminina foi muito mais importante do que se imagina. "Sua presença na cena política foi tolerada e até incentivada no início da Revolução, porém reprimida em outubro de 1793, e depois novamente, de forma definitiva, em 1795", afirma a pesquisadora Tania Machado Morin em uma tese a respeito do assunto, defendida na Universidade de São Paulo - e um dos raros estudos sobre o tema já publicados no Brasil. As mulheres fundaram clubes políticos, discursaram na Assembleia Nacional, participaram das jornadas revolucionárias. M...