ARTE NAIF:
Ousar sem
constrangimentos, desenvolver um trabalho sem regras definidas foi o caminho
encontrado por alguns artistas autodidatas, que fizeram uma pintura conhecida,
como arte naïf.
A palavra naïf
significa ingênuo. Arte naïf é a arte produzida por autodidatas, que não têm
formação artística erudita. Caracteriza-se por ausência de técnicas
tradicionais de representação, pelo uso de cores brilhantes e pela descrição
minuciosa de elementos.
Podemos encontrar
pintores naïfs entre donas de casa, comerciantes, professores, jornalistas,
médicos, advogados. São pessoas que pintam com a alma, de modo espontâneo,
retratando a vida com liberdade estética e livre de convenções.
O termo arte
naïf foi utilizado pela primeira vez no início do século XX, para identificar
as pinturas do francês Henri Rousseau (1844-1910). Autodidata, ele abriu, com sua obra, caminhos para outros
pintores. O Brasil, a França, o Haiti, a Itália e a região da antiga Iugoslávia
são considerados os “cinco grandes” de naïf no mundo, sendo que os pintores
brasileiros ocupam lugar de destaque nos principais museus desses países, conquistando
a crítica, ganhando espaço em museus e marcando lugar na história da arte.
Exposição no Centro Cultural
Banco do Brasil:
O Brasil e o Haiti têm raízes no
continente africano. O desenvolvimento da arte naïf nos dois países simboliza
esse legado comum", como declara o ministro Celso Amorim. As cores são
quentes, tropicais, nos quadros pintados por expoentes dos dois países. Ao
todo, estão na mostra 106 pinturas - 60 do Haiti (vindas do Museu de Arte do
Haiti e de coleções particulares) e 46 do Brasil (do Mian). Há também objetos -
muitos de cultos religiosos como chocalhos, garrafas, vodu e peças do candomblé
- esculturas de ferro e madeira, estandartes bordados, fotografias e um vídeo
que conta a história do Haiti por meio de quadros naïfs. A exposição, que
depois vai passar por São Paulo e Rio, está dividida em módulos: Cotidiano dos
Povos; História; Religião; e Imaginário. Na mostra, um dos destaques do Haiti
são as obras de Hector Hyppolite (1894-1948), considerado o maior de seu país.
"Ele era um pintor de paredes, que começou a fazer quadros de flores e frutas". Dos brasileiros, além do conhecido Waldomiro de Deus, vale
destacar os trabalhos de Pedro Paulo Leal e Antônio Poteiro, que vive em
Goiânia. Tanto o Brasil como o Haiti estão entre os maiores produtores de arte
naïf do mundo, ao lado da ex-Iugoslávia, a França e a Itália.
O Museu Internacional de Arte
Naïf do Brasil (Mian), abrigado na Rua Cosme Velho, no Rio, tem um acervo de 6
mil obras entre nacionais e estrangeiros, de cem países. A arte naïf também pode ser vista em São Paulo, na
Galeria Jacques Ardies, que inaugura hoje à noite uma exposição coletiva com
obras de 20 artistas do gênero. A mostra reúne cerca de cem quadros, todos
selecionados por Ardies, que desde a criação dedicou sua galeria (primeiro
chamada Cravo e Canela, depois, Jacques Ardies) à produção naïf. No local são
exibidas tanto obras de artistas já muito conhecidos no gênero, como José
Antonio da Silva e Ivonaldo, quanto de novos nomes. A galeria mostra agora os
trabalhos de Edivaldo, Constância Nery, Lucia Buccini, Ernani Pavaneli,
Francisco Severino, Vanice Ayres Leite, Lucas Pennachi, Airton das Neves,
Teles, De Marchi, Lourdes de Deus, M. Guadalupe, Casemiro, Marcos Oliveira,
Ernani Cortat, Wilma Ramos, Helena Coelho, Antonio de Olinda, Cristiano Sidoti
e Graça Jannes.
Fonte O Estadão, 2005.
Comentários
Postar um comentário